O PROJECTO

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COMÍCIO-INSTALAÇÃO
promove, através do reaproveitamento dos cartazes de propaganda política que cercam o espaço urbano por estes dias, a ocupação das escadas de acesso ao Estúdio PerFormas, em Aveiro.

Tendo a ironia como meio, mas não como fim, o que se pretende é esvaziar esses cartazes da retórica mediática, tanto gráfica como textual, imprimindo uma urgência e imediatismo na reflexão sobre o processo político que é, eminentemente, um projecto comunitário.
A partir da adição de balões, usados frequentemente em Banda Desenhada, o público terá a oportunidade de escrever as falas dos políticos integrantes deste comício e de cumprir a utopia cívica: fazer dos políticos marionetas dos eleitores. Onde é que isto já se viu?


concepção, execução, produção executiva e grafismo pedro fonseca produção colectivo apoio à montagem João Filipe e João Teixeira apoio logístico Transágueda agradecimentos (por ordem aleatória, ou seja, sem ordem mas com lógica) Margarida Fonseca, Joana Oliveira, Ana Trincão, João Bento, José Júlio e Isabel Antunes



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O PROJECTO E A CRONOLOGIA
As linhas iniciais desta postagem revelam o pressuposto inicial, quando se tornou necessário escrever um texto para a imprensa que ilustrasse (e, na altura, esta palavra ainda não tinha entrado verdadeiramente no léxico de possibilidades da instalação), de alguma maneira, o que ambicionava ser esta apropriação, de espaço e matérias.
Uma das minhas primeiras referências, e que se tornou uma espécie de fixação, pela sua extrema simplicidade e envolvimento emotivo, foi uma intervenção feita nas ruas de Nova Iorque por um artista visual norte-americano (do qual, infelizmente, não consegui recuperar o nome, apesar de toda a pesquisa na internet) que consistia em adicionar balões (típicos da banda desenhada albergando as falas das personagens) em painéis publicitários, que podiam ir desde anúncios a perfumes, filmes e discos a materiais de propaganda política, etc. Esses balões eram propositadamente deixados em branco, para que o transeunte pudesse intervir nesta composição, adicionando ele próprio a fala dessa personagem. Obviamente que essa fala estava dependente das referências de cada pessoa, do seu conhecimento factual ou mediático do que cada cartaz representava, mas alguns dos resultados finais surpreenderam-me pela ironia, lucidez e insuspeita colaboração entre quem escreveu e quem possibilitou este espaço.
Tornou-se, logo ali, mais do que um objectivo, um desejo, apropriar-me desta atitude e incorporá-la num contexto mais específico.
Em relação a esse contexto, não existiam muitas dúvidas: a propaganda política parecia-me um campo bastante interessante onde agir, cruzando, além disso, duas áreas de pessoal interesse: a questão estética com uma evidente e assumida aproximação a questões comunitárias e políticas. A oportunidade apareceu no inicio deste ano, com a percepção de que, no período temporal de alguns meses, decorreriam três actos eleitorais, com a consequente campanha associada, o que permitia vislumbrar o acesso mais facilitado a todo um apetecível espólio de material de propaganda política.
Este aspecto não foi desmentido pelo material disponível e pelos vários milhões gastos pelos diferentes partidos nesse mesmo material, embora o facto de os cartazes respeitantes à Autárquicas serem impressos em lona, e não em papel, me tenha retirado espaço de manobra. (...)

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